top of page
  • feliperibbe

Cientistas imprimem parte de medula espinhal e ratos com lesão voltam a andar

O que é? Um time de cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, usou uma impressora 3D especial – chamada de bio-impressora - para imprimir uma parte da medula espinhal de ratos e implanta-la nos roedores, fazendo com que os mesmos voltassem a andar. As bio-impressoras possuem uma pipeta que coloca camadas de células vivas (bio-tinta) umas sobre as outras para criar tecidos vivos de forma artificial. Neste caso específico, os pesquisadores primeiro imprimiram pequenas partes em softgel (foto abaixo) e usaram o mesmo equipamento para injetar células-tronco nestas partes. Depois, estas foram encaixadas em espaços da medula espinhal de ratos, que foram cortadas para o experimento. Com o tempo, novas células nervosas e axônios se desenvolveram, formando novas conexões na medula espinhal. Essas células nervosas conectaram-se não apenas umas com as outras, mas também com o tecido da medula espinhal e os sistemas circulatórios dos roedores, o que ajudou a garantir sua sobrevivência nos corpos e a restabelecer os movimentos dos membros traseiros dos animais. A precisão do equipamento permitiu que as partes impressas se encaixassem com perfeição nos locais indicados; tal precisão é um dos trunfos deste estudo. Isto porque a maioria das bio-impressoras só consegue imprimir até 200 micrômetros (1 micrômetro é igual a 0,001 milímetro), mas este grupo desenvolveu um método de produção de tecido de até 1 micrômetro, capaz de reconstruir até a mistura de substância cinzenta e branca que compõe a medula espinhal. Os resultados do estudo foram publicados na conceituada Revista Nature Medicine.

Por que é importante? O uso de impressoras 3D para reconstruir partes do corpo humano é comum, como em próteses de quadril, joelho e membros. As bio-impressoras também já são utilizadas para criar tecidos vivos em laboratório, usados para testar novos medicamentos e cosméticos. Porém, o grande objetivo é fazer com que, no futuro, estes equipamentos consigam imprimir até órgãos inteiros, o que seria um grande passo para se acabar com a fila de pessoas que esperam por doadores. O experimento na UC San Diego é importante, pois até então quase todos os trabalhos envolvendo tecidos bio-impressos eram realizados em placas de petri, que são os recipientes usados em laboratório para cultura de microrganismos. Este foi o primeiro caso em que o material criado foi usado em seres vivos e com sucesso. O grande problema é que a maior parte das lesões de medula espinhal ocorre pelo esmagamento da mesma e não por corte, ainda mais cortes bem definidos como estes nos roedores. Como no mundo real isto é raríssimo, fazer humanos voltarem a andar com esta técnica será bem complicado. De qualquer forma é um claro avanço no método.


E agora? O caminho para um possível tratamento em humanos ainda será longo. Antes, os cientistas precisarão fazer testes com primatas para valida-lo. Enquanto isso, eles também pretendem criar outros tecidos, com foco nos já citados testes de medicamentos e cosméticos. A equipe já conseguiu criar tecidos de fígado e coração no laboratório.


Comments


bottom of page