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Babuínos sobrevivem seis meses com corações transplantados de porcos

O que é? Pesquisadores da Universidade de Munique Ludwig-Maximilians conseguiram fazer com que quatro babuínos sobrevivessem de forma saudável entre três e seis meses com um coração de porco. Para isso, alguns suínos passaram por um processo de engenharia genética para remover partes do genoma que pudessem ser prejudiciais aos babuínos; desta maneira, tornou-se viável transplantar os órgãos. Após as cirurgias, os babuínos foram medicados com imunossupressores para evitar a rejeição de seus corpos aos corações recebidos e controlar o crescimento dos mesmos. Dos cinco que participaram do estudo, um morreu depois de 51 dias. Dos outros quatro, dois foram eutanasiados em três meses (o tempo mínimo necessário, estabelecido pela Sociedade Internacional de Transplantes de Coração e Pulmão, que primatas não humanos precisam sobreviver com órgãos de outros animais para indicar que este xenotransplante pode ser seguro o bastante para iniciar testes em humanos); os dois últimos foram eutanasiados após seis meses (um requerimento do protocolo aprovado para a pesquisa). Os resultados do experimento foram publicados pela Nature.


Por que é importante? Os xenotransplantes (justamente os transplantes de órgãos entre diferentes espécies) têm sido estudados há algumas décadas como uma alternativa à escassez de órgãos humanos, que fazem com que muitas pessoas morram à espera de doadores. Porém, até recentemente os resultados das pesquisas na área eram desanimadores. Com o avanço de ferramentas de edição genética (como o CRISPR-Cas9) e a descoberta de coquetéis de imunossupressores para evitar rejeições, os estudos com xenotransplantes ganharam nova vida. Muitos se perguntam porque órgãos de porco são considerados uma melhor opção para humanos do que primatas. Primeiro, existem preocupações de que órgãos de primatas podem passar doenças para quem os receber; além disso, não é fácil cria-los de forma domesticada. Já os suínos são comumente criados em larga escala, são fáceis de editar geneticamente e têm órgãos de proporções simulares aos de pessoas adultas.


E agora? O próximo passo já é pensar nos primeiros testes com humanos, possivelmente com rins e pâncreas – pois, caso tenham problemas e parem de funcionar, não ocasionarão morte, como seria com um coração. Porém, para que estes testes iniciem, ainda haverá um caminho considerável a percorrer: os medicamentos imunossupressores necessários para o sucesso dos xenotransplantes ainda não estão aprovados para uso por humanos e podem causar graves efeitos colaterais. Então será preciso esperar um tempo até que as primeiras tentativas comecem. Mesmo assim, a notícia é animadora para milhões nas filas à espera de doadores.


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