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Um índice que rastreia os empregos do futuro

O impacto da Revolução Digital no mercado de trabalho é assunto recorrente nas conversas sobre novas tecnologias, com opiniões variadas. Alguns pontos, entretanto, são unânimes: as capacidades humanas serão cada vez mais importantes; as habilidades tecnológicas terão papel relevante na maioria das ocupações, não importa o setor. Porém, quais serão de fato as profissões do futuro?


A Cognizant, que presta serviços na área de tecnologia, criou um índice para ajudar a responder esta questão. O Cognizant Jobs of the Future Index (CJoF Index) é trimestral; 50 profissões são escolhidas por meio de relatórios e opiniões de especialistas, sendo 45 delas já existentes e cinco que devem emergir nos próximos anos. Todas requerem, em diferentes níveis, algum tipo de capacidade digital. Para fazer o cálculo, as vagas anunciadas nestas 50 profissões ao final de três meses são somadas e o total é dividido pela soma das vagas anunciadas nas mesmas ocupações no 3º trimestre de 2016, período base do índice – no caso das cinco profissões que ainda vão surgir usam-se dados de ocupações existentes cujas atividades sejam parecidas. As informações se baseiam apenas em números dos EUA, mas os resultados servem também para traçarmos um cenário global, uma vez que os americanos criam tendências mundiais em tecnologias.


Na atualização referente ao 3º trimestre deste ano, o índice cresceu 37% sobre 2017 e 7% em comparação ao trimestre anterior. Isto mostra que o processo de digitalização das empresas já influencia o mercado de trabalho. Além do índice geral, há ainda oito sub-índices, nos quais cada uma das 50 profissões está distribuída: algoritmos, automação e inteligência artificial; experiência do cliente; meio-ambiente; bem estar físico e mental; assistência médica; serviços legais e financeiros; transporte; e cultura organizacional. Destes, apenas assistência médica teve desempenho negativo, diminuindo 5% em relação ao ano passado. Já bem estar físico e mental teve crescimento de 61% sobre 2017.


Entretanto, o mais interessante no CJoF Index é analisar o desempenho individual das profissões. Neste caso, o cuidador, cuja função é cuidar de idosos ou pessoas com algum tipo de deficiência, foi o que mais cresceu nos últimos 12 meses, 295%. Você pode achar estranha a inclusão desta profissão em um índice que envolva habilidades digitais, porém cada vez mais este trabalho requer o uso de tecnologias vestíveis, chips e aplicativos. Conselheiro genético teve a segunda melhor performance, com 222%. Supervisor de transportes, designer de moda e designer de vídeo games completam os cinco primeiros. Já entre os piores desempenhos, a maior queda foi dos especialistas em instalação de sistemas de energia solar, com 55%. Outra profissão do setor ambiental que caiu foi a de gerente de energias alternativas, com 48%.


Para quem está curioso, as cinco ocupações que ainda vão emergir tiveram crescimentos satisfatórios no último ano: o construtor de ambientes em realidade aumentada (56%) será o responsável por desenvolver experiências imersivas para os clientes usando esta tecnologia; o mestre em computação na borda (37%) pensa nos projetos para aumentar a eficiência e produtividade de dispositivos da borda (como smartphones e aparelhos de IoT, por exemplo); o conselheiro de bem estar físico e mental (36%) promoverá sessões regulares particulares remotas para cuidar do bem estar de seus pacientes; o arquiteto ambiental (33%) desenvolverá projetos estruturais em harmonia com a natureza; e o previsor de calamidade cibernética (25%) irá rastrear e detectar ameaças cibernéticas para prever seus impactos.


O fato de o CJoF Index ser calculado por monitoramento em tempo real da demanda pelas profissões faz com que sua análise possibilite verificar as tendências do mercado de trabalho no curto/médio prazo, o que é de grande valia para entendermos para onde estamos indo.


*Texto publicado no Jornal do Brasil em 21/11/2018

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