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Os países mais preparados para receber os veículos autônomos

Veículos autônomos tornaram-se assunto recorrente na imprensa mundial, muito em função da curiosidade que despertam nas pessoas. Porém, quando eles estiverem prontos para serem adotados em massa, as mudanças na sociedade serão consideráveis, tanto para o bem, quanto para o mal. Se por um lado é esperada uma diminuição drástica nos acidentes automobilísticos – afinal, cerca de 90% derivam de falhas humanas -, por outro, motoristas e caminhoneiros correm o risco de ficarem sem emprego ou mudarem de atividade. E estas são apenas duas consequências. Apesar de não ser possível prever com exatidão quando este cenário se tornará realidade, os bilhões investidos na tecnologia e o interesse direto de grandes empresas fazem com que este futuro seja praticamente certo. Mas, enquanto alguns países começaram a se movimentar, a maioria permanece inerte. Justamente para analisar esta situação, a consultoria KPMG criou o AutonomousVehiclesReadiness Index (AVRI), um índice que ranqueia nações de acordo com o seu preparo para esta revolução.


O AVRI leva em consideração 25 critérios divididos em quatro pilares principais, todos com o mesmo peso: política e legislação; tecnologia e inovação; infraestrutura; e aceitação da população. O primeiro pilar inclui não só critérios relacionados à regulação de veículos autônomos e projetos financiados pelos governos na área, como também a predisposição governamental para mudanças, facilidade de aprovação de novas leis que contribuam para o desenvolvimento do setor e o ambiente para compartilhamento de dados e informações.


O segundo pilar trata de critérios que envolvem diretamente a tecnologia (montante de investimento e número de patentes, por exemplo), além de capacidade de inovação, disponibilidade de tecnologias de ponta e até marketshare de carros elétricos, já que a grande maioria dos veículos autônomos será movida a bateria. O pilar de infraestrutura engloba, entre outros, qualidade de ruas e estradas, cobertura de internet 4G, densidade de pontos de recarga para veículos elétricos e o nível tecnológico local. Por último, o pilar de aceitação da população inclui, além da opinião sobre carros autônomos, o grau de adoção de novas tecnologias e o tamanho do mercado atual para transporte sob demanda.


A edição de 2019, a segunda na história, analisa 25 países. Holanda, Cingapura, Noruega, EUA e Suécia foram os cinco primeiros, nesta ordem. Talvez a maior surpresa tenha sido a China na 20ª colocação, já que o país asiático tem se destacado como uma potência tecnológica emergente nos últimos anos. O Brasil teve desempenho pífio. Ficou na última posição no geral e em três dos quatro pilares. Somente em aceitação da população ficou em 22º. O curioso é que, no critério de opinião sobre veículos autônomos, ficamos em quinto, ou seja, os brasileiros estão entre os mais propensos a recebê-los de braços abertos.


Apesar do resultado ruim, o AVRI adota um tom otimista para o país. Como justificativas, o relatório cita iniciativas de sucesso desenvolvidas em universidades, como os 74 km percorridos entre Vitória e Guarapari por um carro autônomo da UFES em 2017; o fato de que muitas montadoras possuem fábricas no Brasil, o que facilita a introdução mais rápida da tecnologia nos modelos produzidos por aqui; a predisposição dos brasileiros em adotar novas tecnologias; e, principalmente, o Rota 2030, programa aprovado pelo governo ano passado, que, entre outras coisas, dará incentivos fiscais para investimentos em P&D e, segundo Mauricio Endo, executivo da KPMG na América Latina, também deve beneficiar veículos elétricos e autônomos.


Para finalizar, o AVRI deixa claro que o Brasil pode se aproveitar da opinião pública favorável para atrair empresas especializadas, até pelo tamanho do nosso mercado. Mas ressalta que, para isso, o governo precisa trabalhar ativamente nos outros pilares. Então, mãos à obra!

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