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As 10 tendências tecnológicas estratégicas para 2019

A Gartner é uma das principais consultorias em tecnologia do mundo. Seus relatórios são acompanhados por profissionais de todos os setores, especialmente aqueles ligados às áreas de TI e inovação. Uma de suas publicações mais aguardadas é a que indica as 10 maiores tendências tecnológicas estratégicas para o ano seguinte. Mês passado, a lista de 2019 foi revelada: objetos autônomos; análise de dados aumentada; desenvolvimento orientado por inteligência artificial; gêmeos digitais; maior poder para computação na borda; experiências imersivas; blockchain; espaços inteligentes; computação quântica; e ética digital e privacidade. Antes de comentar a lista, é importante ressaltar que estas tendências não trarão resultados significativos já ano que vem e sim que haverá um aumento nas aplicações e investimentos, com as consequências aparecendo ao longo da próxima década.


A categoria objetos autônomos inclui veículos, drones, robôs e até dispositivos de internet das coisas e assistentes virtuais (como os de voz ou chatbots). A razão de tamanha abrangência é o fato de a Gartner classificar como autônomos quaisquer objetos que consigam, de maneira não supervisionada, completar tarefas. O nível de independência também varia bastante, indo da semiautonomia com suporte humano à autonomia total. A consultoria prevê que, com a proliferação destes objetos, os mesmos passem a atuar de forma colaborativa. O exemplo dado foi de um drone, que analisa uma plantação e chega à conclusão de que é hora da colheita; este, então, comunica a uma colheitadeira autônoma, que, por sua vez, realiza o serviço.


A análise de dados aumentada corresponde à automação dos processos de preparação de dados e geração de insights. Segundo a Gartner, em 2020, 40% destas tarefas serão automatizadas, criando o que a empresa chama de “cientistas de dados cidadãos”, ou seja, trabalhadores de diferentes backgrounds que serão capazes de extrair conclusões a partir de uma montanha de dados mesmo sem expertise na área. Isto permitirá às companhias preencher as vagas que estão abertas em função da escassez de cientistas de dados profissionais. O desenvolvimento orientado por inteligência artificial segue na mesma linha, com a expectativa de que, em alguns anos, pessoas sem conhecimentos em computação conseguirão criar aplicações por conta própria com a ajuda de IA.


Gêmeos digitais são representações virtuais de objetos, processos ou sistemas que estão conectados em tempo real e servem, entre outras funções, para se testar mudanças e medir resultados antes de aplica-las de fato. Já a computação na borda é a prática de processar dados próximos à borda da rede, onde eles são gerados, ao invés dos grandes centros de dados. Quando se fala em maior poder, quer dizer que os dispositivos geradores de dados serão cada vez mais capacitados, com chips potentes e mais espaço para armazenagem, por exemplo. Em um mundo da Internet das Coisas, onde estes dispositivos se comunicarão constantemente, é fundamental diminuir a latência desta comunicação para melhorar o fluxo das informações.


Experiências imersivas estão relacionadas ao uso das realidades virtual, aumentada e mista. A Gartner estima que, em 2022, 70% das empresas usarão pelo menos alguma destas tecnologias internamente ou no relacionamento com os clientes. Blockchain é uma rede digital descentralizada, que registra transações e informações em ordem cronológica e de forma imutável, com potencial de reduzir custos e tempo destas transações (escrevi mais sobre este assunto aqui no Renova Inova, confira). Espaços inteligentes são ambientes – como cidades, fábricas e casas - nos quais humanos e tecnologias estão integrados, interagindo de forma colaborativa. A computação quântica utiliza elementos da mecânica quântica para atingir capacidade bem superior à clássica. Para exemplificar, se um computador clássico fosse analisar todos os livros de uma biblioteca com um milhão de títulos, ele leria todos de forma muito rápida, mas um de cada vez; o computador quântico leria todos de uma vez só (também escrevi sobre computação quântica aqui no Renova Inova, saiba mais!).


Porém, o que mais chama a atenção na lista é a ética digital e privacidade, afinal são bem diferentes dos demais. A ética tem a ver com o fato de que, só porque algo é possível de ser desenvolvido, não quer dizer que deva ser. Já a privacidade é uma preocupação cada vez maior de indivíduos, empresas e governos, especialmente após os inúmeros escândalos de vazamentos de dados de usuários. A Gartner incluiu o item pela primeira vez na lista para lembrar às companhias a importância destes dois elementos na construção de confiança com os clientes, algo que parece ter sido esquecido por muitas delas.


*Texto publicado no Jornal do Brasil em 07/11/2018

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